Matriz de Sant'Ana em construção, 1911 |
Fonte: Os 250 Anos da Paróquia de Sant'Ana de Lavras: Uma História da Igreja Católica em Lavras, pp. 74-75.
"O prolixo semanário A Tribuna em 1910 não poupava adjetivos à construção e ao construtor, porém reconhecia que havia necessidade de mais recursos para o edifício
(...) que se erige magestoso e artistico, na Rua Direita, é um attestado soberbo de uma vontade pujante, de um desejo ardente e justo do ministro valoroso e incançavel que é o nosso preclaro Vigario Francisco Malaquias.Raro, muito raro em nosso tempo, um espirito de emprehendimento como desse distincto sacerdote. As suas obras estão ahi patentes como uma affirmativa inconfundível e brilhante do que acabamos de dizer.Mas a vontade, e uma vontade bemfaseja e louvavel, quantas vezes não encontra um ligeiro impecilho ou uma leve anfractuosidade em seu trajecto como aconteceu com este ardoroso pugnado na construcção do bello templo da Matriz Nova? O povo catholico precisa comprehender que a força de vontade é muito, mas não é tudo, e para a conclusão deste templo soberbo que honrará muito a nossa Lavras precisa emprestar-lhe o seu valioso e patriotico concurso, a sua maior boa vontade, auxiliando ao nosso distincto Vigario na ardua e inestimavel tarefa de dotar esta carissima terra com um templo digno da nossa piedosa religião.
O trabalho do pároco Malaquias foi reconhecido pela dignidade episcopal, e em 24 de junho de 1911 ele foi agraciado com o título de cônego. Em nome do povo de Lavras, o sr. Lafayette de Pádua presenteou com um anel o sacerdote, que agradeceu visivelmente comovido [FOLHA DE LAVRAS, 29 jun. 1911].
Ao que parece, esse gesto simbolizou um novo impulso à obra, temporariamente interrompida devido às dívidas que ultrapassavam dez contos de réis. A imprensa conta que o pároco fazia constantes visitas às cidades vizinhas para angariar fundos, como por exemplo um leilão realizado em São João Nepomuceno ou uma quermesse organizada por gentis senhoritas lavrenses. A Folha de Lavras não deixa de felicitar o empenho do padre, assim se exprimindo, em 3 de agosto de 1911:
O nosso zeloso vigario Rvm. Sr. Conego Malachias que tomou sobre seus hombros tão pezada tarefa, ao envez de desanimar-se, vai de dia em dia redobrando os seus esforços para a conclusão deste magestoso templo que será, no transcorrer dos annos futuros, um attestado valioso da inbrantavel força de vontade, da sua tenacidade em prol dos interesses da egreja de que é digno ministro, dos sentimentos religiosos daquelles que o secundarem nesse emprehendimento, e, acima de tudo isso, da grandeja e pujança do catholicismo nesta bella e culta cidade de Lavras.
Em cinco de novembro daquele ano um leilão de garrotes e variadas prendas foi feito, com auxílio do dr. José Militão de Castro, cap. Francisco Modesto, Saturnino de Pádua, Antônio de Pádua e outros. Conta-se que a construção da capela-mor e da parte externa estava quase concluída, faltando agora começar a torre, que já tinha os andaimes montados [Ibidem, 26 out. 1911].
Novas comissões foram organizadas para esta nova fase das obras, a citar: Comissão das janelas: D.ª Anna Salles, Lourenço Menicucci, João Monteiro, Custódio de Souza Ponto, dr. Alberto Luz, dr. João Penna, João da Costa Pinto, Manoel Augusto da Silva, José Salles, Franklim Azevedo, Lafayette de Pádua, José Francisco Rosa e Arthur Maia; Comissão das portas: cap. Pedro Novaes, Pedro Menicucci, Lázaro d‟Azevedo, Necésio Maia, dr. Augusto Botelho, Miguel Ministério, maj. José Goulart, Joaquim Figueiredo, maj. Alfredo Raymundo, maj. Araryghoia, Ernesto Pimenta e José Rezende; Comissão da torre: dr. Álvaro Botelho, Jorge Penna, Francisco Marafelli, César Guadaluppe, Antônio Hermeto, Augusto Salles, Ignácio Flávio, D.ª Elvira Salles, Aureliano Botelho, José Fabrino, Elias Arantes, dr. Cristiano Silva, dr. Luiz Duque da Rocha e Alcino Rocha [Ibidem, 2 nov. 1911]".
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Nossos ancestrais nos legaram
uma belíssima igreja, agora é a nossa vez!
Seu gesto ficará para a história.
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