segunda-feira, 8 de julho de 2024

A História e Arqueologia Indígena de Lavras e do Campo das Vertentes


O livro tem como ponto de partida contar acontecimentos que não foram registrados em textos ou documentos. Um período profundo, mudo e silencioso. Uma história com palavras eliminadas, ecos que não se ouvem, ocultados pela imensidão do tempo que nos separa. É uma tarefa difícil. Como se lembrar de algo que não se encontra na memória de nosso povo?

A arqueologia surge para lidar com essas questões. Ao escavar um sítio arqueológico, inicia-se do conhecido para o desconhecido. Aquilo que se encontra encoberto sob o solo esteve séculos ou milênios ocultados da luz do sol, bem como da ciência dos nossos olhos. É ter acesso a materiais que viajaram pelo tempo, transitaram por todas as épocas desde a sua criação até chegar ao contemporâneo, ao hoje. São bens preciosos, os quais, por meio de uma série de detalhes, conseguem nos dizer sobre algo do passado, do qual fizeram parte.

Contudo, sempre haverá uma condição desconfortável. As dificuldades e a escassez de evidências nos forçam a realizar esforços imaginativos, especulações e sondar possibilidades para uma infinidade de coisas que pouco sabemos. Todo esse esforço pode levar, com facilidade, à fantasia. Alienígenas na Amazônia, tupis com origem fenícia e cruzados em Santa Catarina são exemplos que surgem e vão. Entre as tantas páginas da história, o que diz respeito ao que antecedeu a Cabral, sempre foi para a brasileiro uma mistura de mistério e indiferença.

É sobre esse passado que, muitas vezes, é mudo e silencioso que pretendo redigir este livro. Contar por meio de artefatos uma história não apenas dos povos que por aqui habitaram, mas a história do cotidiano, do dia a dia dos homens e mulheres que viveram nas cercanias dos atuais municípios de Lavras e região.

Sempre é um desafio passar de uma folha para outra, burilar um texto que seja palatável e abordar temas que considero difíceis de expor. Sei que nem tudo que gosto fará sentido para os outros, nem tudo que planejei pode funcionar, mas sempre é importante tentar. Escrever algo não ficcional exige um estudo prévio, mesmo que o prazo e tempo sejam demasiadamente curtos – praticamente tive dois meses. Tenho a vantagem de já ter em mente aquilo que escrever e já ter escrito algo semelhante, mas, na universidade, uma dissertação de mestrado.

Muitas pessoas até podem pensar que este livro seja justamente o produto da minha dissertação, mas não o é. Trata-se de um trabalho à parte, algo feito em paralelo, abordando questões fundamentais que antecedem as questões mais elaboradas que foram trabalhadas no texto acadêmico.

Em razão do fetichismo da forma e utopia do conteúdo que a universidade e meios acadêmicos tanto pregam, busquei riscar as referências indiretas do texto, para que o leitor comum não se engasgue nas idas e vindas de “(SILVA, 2013), (MENEZES, 1987), (ALBUQUERQUE, 1993)”, etc. Mesmo que se trate de um livro que tenha o intuito de divulgação cientifica, ele não necessariamente tem que seguir as normas da ABNT ou de uma Revista Cientifica, já que lucidamente não se trata de um artigo, dissertação ou tese. Não obstante, naturalmente, tive o cuidado de inserir, nas referências de cada capítulo, os temas e assuntos que foram abordados no capítulo em específico e abaixo as devidas referências de cada um dos autores, cuja pesquisa me proporcionou a redação do texto de forma indireta. Além de demostrar as fontes, fazer o reconhecimento de pesquisadores, espero, sobretudo, auxiliar o leitor mais curioso com o tema a buscar mais informações desejadas.

Sei que o livro que tens em mãos não é algo popular, um livro para todas as idades. Mas espero que aprendas coisas totalmente novas. Busquei trazer uma diversidade que, longe da universidade, pude explorar, uma pluralidade de exemplos que me vinham à mente e que, em um mestrado, seriam – por mim – logo riscados. Contudo, como o intuito é explorar novos horizontes, espero que o objetivo seja cumprido. O passado profundo, conhecido até então como “Pré-História”, exige-nos avançar sobre algo novo, navegar sobre águas pouco conhecidas, até mesmo para os especialistas que se dedicam ao tema, os quais possuem a árdua tarefa de lidar com uma história com vários mistérios e lacunas. O passado humano parece ser tão infinito como o próprio humano.

Gabriel Arriel Pedrozo


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