sábado, 27 de fevereiro de 2021

Prefácio do livro "Pró-Memória Gammonense"

 


Na Mitologia Grega a deusa que personificava a Memória era “Mnemosine”. Diodoro Sículo que nasceu na Sicília (daí o apelido Sículo) e viveu por volta do ano 49 a.C., é autor do mais extenso relato sobre a história da Grécia e de Roma que chegou até nós, desde as origens míticas até as últimas décadas da República Romana. Segundo ele, foi “Mnemosine” quem descobriu o poder da memória e deu nome a muitos dos objetos e conceitos, nomes esses usados para fazer os mortais se entenderem enquanto conversavam. Além disso, fez com que os mortais tivessem a capacidade de reter na memória os fatos ocorridos e pudessem recordá-los. O vocábulo “recordar” deriva do latim: é a junção do prefixo “re”, que significa “repetir” e “cordis”, que significa “coração”. Assim, “recordar” (“re-cordis”), tem o sentido de fazer passar novamente pelo coração. Para os romanos o coração era a sede da memória. Isso tem muito significado, já que o coração sempre foi tido como o órgão das emoções, de acordo com a tradição literária e poética, em contraste com o cérebro, órgão do pensamento e da racionalidade. 

Recordar é fundamental. No contexto mítico, recordar significa resgatar um momento originário e torná-lo eterno em contraposição à nossa experiência comum do tempo como algo que passa, que escoa e que se perde. A recordação, como resgate do tempo, confere dessa forma imortalidade àquilo que normalmente estaria perdido, de modo irrecuperável, sem essa reatualização.

Portanto, “Memória” é o local onde processos bioquímicos armazenam informações e “Lembrança” compreende o conceito de se recordar de algum evento, atribuindo a ele uma carga emocional.

O lugar da Memória é, pois, o lugar da Imortalidade porque o que nela está armazenado e é revivido se torna imortal. 

Existem, pessoas que são os “Guardiões da Memória”, que dela têm a chave e utilizam essa “chave” para liberar a Lembrança. São esses “guardiões” que mantêm o fio condutor da História. E esse fio é que nos faz ser o que somos como pessoas e nos impulsiona a realizar e criar.

Foi isso o que fizeram esses “Guardiões da Memória” neste livro.

Araken Amâncio Bezerra
Escritor gammonense

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