sexta-feira, 3 de maio de 2019

(3 de maio) Capitão Francisco Ribeiro de Carvalho

CAPITÃO GN FRANCISCO RIBEIRO DE CARVALHO, UM LAVRENSE ESQUECIDO.

Por José Passos de Carvalho

Francisco Ribeiro de Carvalho Capitão da Guarda Nacional – Advogado – Farmacêutico, Jornalista, Dentista, Professor e Filantropo. 

Nasceu na Fazenda da Ponte Alta, zona rural do município de Lavras, Minas Gerais, no período Imperial, num domingo, dia 20 de janeiro de 1884. Era filho legítimo do Capitão Francisco da Costa Ribeiro e dona Irene Ribeiro de Carvalho. Foi batizado  no dia 02 de março do mesmo ano, sendo padrinhos Florêncio Moura Ribeiro e Guilhermina Idalina de Azevedo, sendo  celebrante o padre José Bento, SCJ. Era pároco de Lavras o padre Francisco Severo Malachias, SCJ.  

Descendente pelo lado paterno da ilustre família paulista Monteiro de Barros e pelo lado materno correndo-lhe o sangue de Bartira, batizada Isabel Dias, esposa de João  Ramalho, pelo mesmo ramo descendente de um dos fundadores da cidade de Lavras, o Capitão  Francisco Luiz Bueno da Fonseca. No ambiente da Serrinha, povoado do município de Lavras, hauriu o menino Francisco Ribeiro de Carvalho, os ares puros dos campos que iriam fortalecer seu corpo e inspirar o mais belo gesto humanitário, resguardando a oportunidade de servir a humanidade num futuro muito próximo para sua geração de criança. Na sua lida de vida rural, encorajou-lhe o coração nos exemplos de energia, de coragem, perseverança, patriotismo, sabedoria e exemplar coração de homem feito. Da bondosa mãe herdou Francisco o gosto pelas leituras, a ordem, a humildade e o coração magnânimo que a caracterizava. 

Com as segundas núpcias da mãe, contra a vontade dos filhos José e Francisco, os mesmos são levados para o Caraça, trajados de camisolas e ali chegaram nestes trajes, montados num burro, internados à força por um tio.

Após dois anos de matrimônio falece dona Irene, aquela que foi humana e boa. Aquela que tratava os escravos como seres humanos que precisavam de amor, que lhes confeccionavam as roupas e lhes ofereciam, nas festas de domingos, participando das danças e cânticos folclóricos da época.São seus irmãos legítimos Evaristo da Costa Ribeiro, Oscar da Costa Ribeiro, João da Costa Ribeiro, Antônio da Costa Ribeiro, José da Costa  Ribeiro  (falecido tragicamente no Caraça) e Ernestina da Costa Ribeiro. No jovem Francisco observamos o espírito irrequieto, idealista, humano e corajoso, sempre olhando para os altos destinos da Pátria querida que tanto amava, quer como jornalista, farmacêutico, dentista; quer como filantropo e homem público, detentor de uma formação cívica jamais vista em nossa comunidade. Grandiosas obras nasceram de seus ideais; como:  fundador da Cruz Vermelha Brasileira em Minas Gerais em 22 de outubro de 1914; onde foi seu primeiro presidente, quando ainda 1º Tenente da Guarda Nacional, época em que exercia a Chefia da Instrução do Tiro de Guerra-Linha 52;  em Belo Horizonte – MG.  Fundador do TG 04.031 em Lavras em 07 de março de 1916; Fundador do Grupo de  Escoteiros de Lavras em 1923; Fundador da Filial da Cruz Vermelha Brasileira-Filial de Lavras-MG, em 04 de novembro de 1917.  Foi um dos fundadores da cidade de Divinópolis, onde residiu, sendo primeiro dentista a se instalar naquele município em 1911. Lugar onde recebeu a alcunha de “ Chico Diabo”. 

Os méritos foram encaixando em sua personalidade, tendo nosso biografado ostentado o título de Capitão da Guarda Nacional, com expressiva participação da instituição. Membro do 1º Congresso Brasileiro e 3º Latino-Americano de Proteção e Assistência à Criança. Membro do Colégio Brasileiro de História e Geografia. Delegado do Estado de Minas Gerais à IIª Conferência Pan-americana da Cruz Vermelha. Fundador da Escola de Enfermagem da Cruz Vermelha Brasileira em Lavras, década de 40. Sócio Benemérito da Sociedade Nacional da Cruz Vermelha; Foi fundador, diretor e redator do jornal “ Nova Lavras”, na década de 30.

Francisco, esse notável brasileiro; foi precursor da antevisão do valor do mofo do pão nas infecções, constando que num surto epidêmico à beira do Rio Grande, ele, o bravo capitão ou simplesmente o Dr. Chiquinho para os mais humildes, como era conhecido na região, ia levar pessoalmente sopa de pão mofado aos doentes e enfermos.  Formado pela Faculdade de Farmácia de Ouro Preto, era conhecido como Chico Diabo, considerado doido, pois era de uma projeção social incalculável para sua época.Fundou a Filial de Lavras da Cruz Vermelha Brasileira e  posteriormente o Grupo de Escoteiro e o Tiro de Guerra, onde foi instrutor e diretor, divulgando o civismo e o patriotismo latente em nossos corações.  Como não havia concretizado o trabalho filantrópico, fundou a Escola de Enfermagem da Cruz Vermelha Brasileira – Filial de Lavras, que prestou relevantes serviços ao Estado de Minas Gerais e ao Brasil. Foi membro do Colégio Pan-americano de História e Geografia. Delegado à XVIª Conferência Internacional  da Cruz Vermelha  em Londres, onde desenvolveu valioso serviço no tocante ao serviço assistencial da Instituição; Delegado de Minas Gerais à XXIª Conferência Pan-americana da  Cruz Vermelha, como representante do Brasil. Lavras, sua terra natal, desconhece em grande escala estes feitos enaltecedores!  Casado com dona Cristina Ribeiro de Carvalho, na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, cujo pedido de casamento foi feito aos pais da esposa pelo seu particular amigo, jurista Rui Barbosa.     

Com dispositivo do Decreto Federal nº 7.928, de 03 de setembro de 1945, foi condecorado com a Cruz do Mérito da Cruz Vermelha, juntamente com o brasileiro Getúlio Dornelles Vargas, ex-presidente da República e Presidente de Honra da Sociedade Brasileira da Cruz Vermelha.  Em 1918, instalou o Hospital de Socorro atuou humanitariamente, instalando no distrito de Ribeirão Vermelho no Teatro Municipal Braguense, para socorrer pessoas enfermas e desamparadas. Foi um avanço para a época. Anexo ao hospital, instalou um laboratório farmacêutico, cujo atendimento era gratuito.  

Criou, no mesmo ano, a Enfermaria do Quartel e da Cadeia Pública. Não se trata do 8º BPM, mas do Contingente da Força Pública que era destacado em Lavras no centro do perímetro urbano, onde está o Fórum do Juizado Especial Cível e Criminal da Comarca de Lavras, à Rua Raul Soares, 85. Em 1919, já prestava assistência odontológica, pois tinha seu próprio gabinete dentário, onde exercia legalmente a profissão de dentista. Neste mesmo ano, recebe o honroso Título de Sócio Benemérito da Cruz Vermelha Brasileira, por proposta do Conselho Diretor da Filial. Criou o Departamento da Cruzada Nacional Contra a Tuberculose, tendo sido reconhecido como utilidade pública pelo governo da República Federativa do Brasil e mais tarde, cria, também, o Departamento de Assistência e Amparo à Infância de Lavras, considerada de Utilidade Pública pelo Congresso Nacional, através de seu particular amigo, deputado Francisco Valadares. Em 1920, conforme constam nas atas do Congresso Nacional, a Filial de Lavras da Cruz vermelha Brasileira tentou fundar um patronato para cuidar de menores abandonados, pois naquela época não existiam leis de proteção a menores, porém a vingança de alguns políticos lavrenses o impediu de concretizar o seu maior sonho, contrariando o estimado defensor dos pobres. A edição Jornal do Commércio  de 04 de Outubro de 1920, fez excelente publicação, quando da comissão, chefiada por Francisco Ribeiro de Carvalho, fez a entrega da ata ao Rei , Sua Majestade Imperial Alberto I, dos Belgas, conferindo-lhe o Título de Presidente honorário, em 12 de setembro do mesmo ano. Em 07 de  Outubro do corrente ano, Sua Majestade enviou honroso convite ao Capitão Francisco Ribeiro de Carvalho, agradecendo a homenagem. Em 1932, com o Movimento Revolucionário de 09 de Julho de 1932, recebeu ordens diretas do Ministro da Guerra para preparar pessoal para agir na forma das Convenções de Genebra e de Haya, embarcando, mais tarde, onde na Estrada de Ferro do Brasil, instala diversos hospitais de Campanha e presta relevantes serviços aos militares envolvidos diretamente e à população do sul de Minas, especialmente em Passa Quatro. Com a criação do departamento de Assistência Judiciária, reivindica ao Senhor Presidente da República anistia ampla para os revolucionários, o que lhe foi atendido.  Criou e instalou em Lavras o Hospital de Sangue, para que mais tarde outros hospitais viessem copiar auspiciosa ideia para salvar vidas. 

Era um verdadeiro santuário cívico, de seus discursos brilhavam as mais celebres mensagens de amor e respeito nos ideais aos Símbolos Nacionais. Foi professor catedrático  de economia doméstica. Francisco se constituía de sua personalidade extraordinária, porém muito nervoso. Recebido por embaixadores, governadores de Estados, Presidentes da República e outras altas dignidades de sua época, mas trazia consigo o respeito para com todos e para si. Foi um verdadeiro exemplo para nossa geração, apesar de que não seremos capazes de copiar um pequeno percentual de sua capacidade humana e moral. O mais grave erro foi o esquecimento em que adentrou após o seu falecimento. Em Lavras ainda não apagou seu ideal e sua chama de amor ao próximo. O Poder Legislativo, através da Resolução nr 06/85, criou a Comenda Humanitária Francisco  Ribeiro de Carvalho, sendo autor o saudoso vereador Leônidas Souza Lima, outro injustiçado em nossa comunidade. De autoria do mesmo parlamentar, foi aprovado o nome do velho capitão para denominar uma via pública – RUA CAPITÃO FRANCISCO RIBEIRO DE CARVALHO, ligando as ruas Álvaro Botelho e Chagas Dória.O edifício sede da representação da Cruz Vermelha Brasileira em Lavras, tem seu edifício Capitão Chico Ribeiro, por aprovação do Conselho Diretor Municipal, através da proposta que lhe foi apresentada pelo conselheiro João Batista Soares da Silva,  por ter sido conhecido na sua época para o pessoal mais pobre que o tinha com respeito e venerância completa. Por proposta de seu contemporâneo e falecido jornalista Sylvio do Amaral Moreira,  quem por diversas vezes relatou fatos ao autor, conseguiu que a cantina da Escola Estadual Álvaro Botelho passasse a denominar-se Cantina Francisco Ribeiro de Carvalho, demonstrando, a felicidade de gratidão para todos aqueles que comungam a tamanha obra que Chico Ribeiro nos inspirou em seus ensinamentos diários ao lado da pobreza, mesmo sendo um homem de posses. Por feliz iniciativa do prefeito João Batista Soares da Silva, o posto de Saúde localizado nas confluências das avenidas Bueno da Fonseca com Samuel Gammon, leva o nome de Francisco Ribeiro de Carvalho, onde se materializou o pensamento da bondade em realizações; onde o bronze se fundiu no mármore e eternizou a vida daquele que foi uma personalidade grata ao povo brasileiro, o que o credenciou a ser lembrado pela atual e futura geração. Em 20 de janeiro de 1986, foi fundado o Memorial Francisco Ribeiro de Carvalho, onde mais uma vez, foi lembrado o nome daquele que se dedicou, em vida,  às letras, escrevendo diariamente seu jornal de grande circulação nos idos de 1940 – O Nova Lavras!   Para que sua memória e seu exemplo não fossem esquecidos, tornou-se um imortal na Academia Lavrense de Letras, sendo Patrono da Cadeira VI – Quadro de Acadêmicos Correspondentes, ocupada atualmente pelo seu criador, o Comendador Paulo José de Oliveira, residente em Formiga/MG.   

Adoentado e aos 72 anos de idade completos, falece no dia 3 de maio de 1956, quando se preparada para uma grande solenidade comemorativa do Dia Internacional da Cruz Vermelha e da fundação da Liga Internacional da Sociedades Nacionais da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho.

Ao ser biografado , encontramos sua descendência nos Ribeiro de Carvalho ( Ouro Preto), cujo trabalho foi entregue ao Ministério do E´xercito/TG 04.031, para compor sua identificação como fundador daquela Casa de Instrução Militar.

Hoje, passados 134 anos de seu nascimento, Francisco Ribeiro de Carvalho, ou simplesmente, " Sou Chiquinho Ribeiro", continua com suas obras  e ideais vivos em nossa comunidade. Um lavrense praticamente esquecido por todos e a juventude lavrense nada sabe desse "gigante patriota" nasceu, viveu e morreu em Lavras.

2 comentários:

  1. Parabéns pele excelente reportagem...!!! Tenho grande interesse por esta família...!!! Sou descendente do português Capitão-mor Francisco da Costa Ribeiro, filho de Merencia/Merenciana da Costa e João Ribeiro de Carvalho. Queria saber muito o nome de sua esposa e filhos...Sei o nome de duas netas dele, para as quais ele deixou a Sesmaria que recebera na região de Pitangui:ANNA MARIA JOSEPHA DA SYLVA e BERNARDA MARIA DA SYLVA/Silva...

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    1. Ele era primo da minha avo Marietta.Mae dele era irma do meu Bisavo .

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