José Olímpio(*) nasceu em Soledade de Minas (MG) em 1906. Casou-se com Antonisca Minghelli em Belo Horizonte (MG). Era integrante da Polícia Militar de Minas Gerais, patente de sargento, na função de músico. Transferiu-se com o 8.º Batalhão da Polícia em 21 mar. 1934 para Lavras. Nesta cidade também atuou como barbeiro no internato masculino do Instituto Gammon. Faleceu em 10 jan. 1980. Em Lavras, a rua Sargento José Olímpio no bairro Ouro Preto foi batizada em sua homenagem. Sobre José Olímpio, seu amigo, o jornalista Sílvio do Amaral “Bi” Moreira assim se expressou na TRIBUNA DE LAVRAS [20 jan. 1980].
Toque de silêncio
Seria próprio ouvir-se música, neste instante – “Saudades de Lavras” (a famosa valsa do capitão Elviro do Nascimento), por exemplo – em que se pudesse dar destaque a um solo de requinta, que nos levaria a um passado de mais de 40 anos, quando ouvíamos, o som deste instrumento, através do sopro firme de um então jovem integrante da Banda de Música do outrora 8.º Batalhão de Caçadores da PM;
E seria razoável que, nesse instante, silenciassem as máquinas e tesouras dos salões de cabeleireiro, empunhadas, também, por esse cidadão, seja num improvisado salão lá no internato masculino do Instituto Gammon, seja em alguma das tradicionais barbearias da cidade; Como hoje é sábado, a esta hora já estarão fechadas as oficinas de marcenaria – onde já não existem ou talvez existam poucos empalhadores – porque ele foi um deles.
A essa imobilidade ou a esse silêncio poderiam unir-se os corações lavrenses porque parado está o coração de um homem ao qual se juntou o enorme coração de sua companheira Antonisca, sua ajudadora numa luta que durou mais de 50 anos, já que já cerca de dois anos, comemoraram suas Bodas de Ouro.
Seriam estas as palavras que diria, no início da tarde do dia 12, quando, ao lado de centenas de pessoas, fui até o cemitério para levar o corpo do querido amigo José Olímpio, que encerrou sua vida de 73 anos, 46 dos quais vividos em Lavras, uma vez que ele era um dos remanescentes da tropa do Oitavo, que aqui se aquartelara em 1934.
Convivi com ele todo esse tempo e participei e me beneficiei, como também outros, de suas atividades e me lembro agora da emoção com que – restabelecido de um derrame que o acometera há alguns anos – me convidou para a comemoração de suas Bodas de Ouro, da qual o Zé Marmelada e eu fomos os únicos participantes civis, ao lado de alguns colegas de seus filhos Edson e João, coronel e 2.º tenente da PM e dos seus familiares.
Seriam aquelas as palavras que faria e que não foram ditas pelo receio de que a emoção de seus familiares me contagiasse, especialmente depois do toque de silêncio executado pelo corneteiro da unidade a que José Olímpio, com aquela distinção e simpatia, servira com tanta dedicação.
Estou ouvindo e obedeço o toque de silêncio, que é a grande homenagem que se pode prestar a um homem que, com a sua simplicidade, soube dignificar e, como religioso, agradecer a vida que Deus lhe concedera.
Bi Moreira, 12 jan. 1980.
:=:=:
(*) O Sargento José Olímpio era meu bisavô. Esta biografia, bem como a de outros ancestrais meus, estará no próximo livro que lançarei em breve.
Toque de silêncio
Seria próprio ouvir-se música, neste instante – “Saudades de Lavras” (a famosa valsa do capitão Elviro do Nascimento), por exemplo – em que se pudesse dar destaque a um solo de requinta, que nos levaria a um passado de mais de 40 anos, quando ouvíamos, o som deste instrumento, através do sopro firme de um então jovem integrante da Banda de Música do outrora 8.º Batalhão de Caçadores da PM;
E seria razoável que, nesse instante, silenciassem as máquinas e tesouras dos salões de cabeleireiro, empunhadas, também, por esse cidadão, seja num improvisado salão lá no internato masculino do Instituto Gammon, seja em alguma das tradicionais barbearias da cidade; Como hoje é sábado, a esta hora já estarão fechadas as oficinas de marcenaria – onde já não existem ou talvez existam poucos empalhadores – porque ele foi um deles.
A essa imobilidade ou a esse silêncio poderiam unir-se os corações lavrenses porque parado está o coração de um homem ao qual se juntou o enorme coração de sua companheira Antonisca, sua ajudadora numa luta que durou mais de 50 anos, já que já cerca de dois anos, comemoraram suas Bodas de Ouro.
Seriam estas as palavras que diria, no início da tarde do dia 12, quando, ao lado de centenas de pessoas, fui até o cemitério para levar o corpo do querido amigo José Olímpio, que encerrou sua vida de 73 anos, 46 dos quais vividos em Lavras, uma vez que ele era um dos remanescentes da tropa do Oitavo, que aqui se aquartelara em 1934.
Convivi com ele todo esse tempo e participei e me beneficiei, como também outros, de suas atividades e me lembro agora da emoção com que – restabelecido de um derrame que o acometera há alguns anos – me convidou para a comemoração de suas Bodas de Ouro, da qual o Zé Marmelada e eu fomos os únicos participantes civis, ao lado de alguns colegas de seus filhos Edson e João, coronel e 2.º tenente da PM e dos seus familiares.
Seriam aquelas as palavras que faria e que não foram ditas pelo receio de que a emoção de seus familiares me contagiasse, especialmente depois do toque de silêncio executado pelo corneteiro da unidade a que José Olímpio, com aquela distinção e simpatia, servira com tanta dedicação.
Estou ouvindo e obedeço o toque de silêncio, que é a grande homenagem que se pode prestar a um homem que, com a sua simplicidade, soube dignificar e, como religioso, agradecer a vida que Deus lhe concedera.
Bi Moreira, 12 jan. 1980.
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(*) O Sargento José Olímpio era meu bisavô. Esta biografia, bem como a de outros ancestrais meus, estará no próximo livro que lançarei em breve.
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