Segue abaixo uma divertida reportagem publicada no jornal lavrense O Município em 24 de janeiro de 1915 sobre como os cientistas da época imaginavam o mundo no ano de 2011. A grafia é a original:
A saída da ópera no ano 2000.
Gravura de Albert Robida, c. 1882.
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O mundo em cem annos
O sabio allemão dr. Fümmenn Tse concedeu ao correspondente do jornal londrino The Petalogist uma interessante entrevista, na qual explica o que será o mundo com os progressos da sciencia, daqui a cem annos.
Não haverá mais noite, e por consequencia a illumunação por velas, petroleo, gaz e electricidade deixará de existir. Em cada meridiano da terra se elevarão innumeras torres de seis mil metros de altura, distante uma da outra 50 kilometros. No alto de cada uma dellas haverá um globo de vidro fosco contendo uma gramma de radium, que tornará as noites tão claras como o dia.
As estradas de ferro desapparecerão. Quem quizer ver um paquete ou um automovel terá de procural-os nos museus de archeologia. Só se andará de aeroplano e esse ficará tão aperfeiçoado, com a descoberta dos motores a radium, que haverá aeroplanos portateis, desmontaveis, cujas peças todas caberão em uma maleta de mão.
Os homens em geral se alimentarão de pilulas podendo cada qual trazer no bolso do collete a ração de um mez. Os poetas preferirão continuar a alimentar-se de brisas, segundo o systema antigo.
A perpetuação da raça ficará confiada aos laboratorios, onde se procrearão, á vontade, meninos e meninas, em apparelhos especiaes, o que occasionará grandes protestos e desespero das parteiras.
As nuvens serão dirigidas por ondas hertezianas, afastando-se ou fazendo-se cahir a chuva á vontade. Nessa occasião a chuva só será empregada em jardins e parques.
Como systema de cultura de tecidos e órgãos, não haverá mais morte. Quem tiver o estomago estragado, pode substituil-o por outros são. Os doidos e as pessoas que não tiverem miólos, poderão adiquirir miólos de primeira qualidade e encaixal-os na cabeça.
As casas terão no minimo oitenta andares, sendo os de baixo occupados pelos armazens e bancos, os do meio pelos burguezes e os de cima pelos patetas.
Não haverá mais moedas de ouro, porque esse metal, com a descoberta da transmutação dos corpos, poderá ser fabricada por qualquer menino de collegio, nos seus laboratoriosinhos de brincadeira. As moedas passarão a ser de sola, material muito mais difficil de obter nessa época.
Haverá apparelhos especiaes para bolinar e palitar os dentes, movido por electricidade.
Desapparecerão todos os insectos damninhos como as baratas, as moscas, os bichos de pé, as formigas e os outros. Só não estará descoberto o meio de extinguir os jornalistas e as pulgas.
O dr. Fümmenn Tse se estendeu ainda em outras proficias sobre o que será a terra no anno de 2011.
É bom que os leitores guardem estes vaticinios na memoria, para verificarem, na época própria, se o sabio allemão disse verdades, ou se é um simples phantasista como o hierophante da sombra das sete palmeiras do Mangue.
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