sábado, 19 de agosto de 2017

Breve histórico econômico de Lavras

A história de Lavras, como seu próprio nome alude, começou na época da “corrida do ouro” vista em Minas Gerais no princípio do Século XVIII. Os primeiros moradores eram bandeirantes paulistas, que se estabeleceram por volta de 1720 e logo dariam início às minerações e ao cultivo da terra. O ouro, em verdade, não era tão abundante como visto em outras localidades de Minas Gerais, e pelo menos até o início do Século XIX havia ainda algumas explorações aurificas na lavra da “Grandeza”, na atual estrada do Madeira, conforme comentado por von Eschwege (1814).

À época da chegada da Família Real portuguesa no Brasil, em 1808, a produção agrícola tomou o lugar da principal força da economia mineira. Diziam os exploradores Spix e Martius (1824) que, entre as fendas das montanhas e dos vales, muitas fazendas estavam dispersas, que produziam os suprimentos necessários de milho, mandioca, feijão, laranjas, tabaco, e igualmente uma pequena quantidade de cana-de-açúcar e, sobretudo, algodão – produto este em franca expansão desde a invenção dos teares mecânicos durante a Revolução Industrial; queijo e gado havia em abundância, suínos, mulas e, juntamente com os rios cheios de peixe, proporcionam-lhes suficiência dos alimentos.


Um aspecto curioso é que Lavras foi provavelmente a primeira localidade em Minas Gerais a produzir chá, em 1830, iniciativa do coronel Tomás de Aquino Alves de Azevedo (1787-1864), que inclusive se dispor a ceder sementes a quem se interessasse a propagar esta cultura. O consumo de chá, contudo, nunca se generalizou por aqui.

No final do Século XIX, Veiga (1874) escreveu que o solo lavrense produz abundantemente todos os cereais, e em seus belos campos criam-se anualmente milhares de rezes. A principal exportação consta de fumo, toucinho, queijos, e gados suíno, bovino e lanígero, para o mercado do Rio de Janeiro, e açúcar, aguardente e cereais para os municípios vizinhos. Nesse tempo havia pequena produção de vinho e o queijo feito em Lavras chegou a ser considerado o melhor de Minas Gerais, segundo Assis Martins (1870). O plantio do café seria introduzido por volta de 1880, e logo se tornaria uma das principais fontes de riqueza produzidas em terras lavrenses.

Segundo o Censo de 1872, havia em Lavras 56 comerciantes, guarda-livros e caixeiros, dos quais quase a metade eram imigrantes portugueses, muitos dos quais representavam e vendiam produtos importados da Europa. A indústria têxtil também empregava muitas pessoas, algo que se ampliou com a instalação em 1886 da Companhia União Lavrense, que mais tarde passou a denominar-se Companhia Fabril Mineira.

Historicamente, certos melhoramentos urbanos sempre estão relacionados ao crescimento industrial e comercial de uma cidade. Em Lavras não foi diferente, e se observa que benfeitorias como a primeira Ponte do Funil (construída em 1840), a abertura da navegação a vapor no rio Grande (1880), o abastecimento de água (1885), a ferrovia (1894), a eletricidade (1909), a abertura da variante da rodovia Fernão Dias (1962), a implantação do distrito industrial (1980) resultaram em incremento imediato e duradouro na economia local.

Na atualidade, segundo o IBGE (2015), existem mais de 3 mil empresas atuantes em Lavras, ocupando mais de 28 mil pessoas.

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