quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Por que Lavras é a Terra dos Ipês e das Escolas?

Todo lavrense sabe que o lema de nossa cidade é "Lavras, terra dos ipês e das escolas". Qual é a história por trás deste lema? De fato, há exatos sessenta anos era publicado no jornal A Gazeta a poesia de Jorge Duarte que cunhou a expressão, a qual foi transcrita por Bi Moreira nas páginas do Acrópole (n. 22, ago. 1979) e que segue abaixo. 

"Lavras, cidade dos ipês e das escolas...
Há uma grande semelhança entre os ipês e as escolas, na minha terra natal. Ninguém dá importância aos ipês, durante o ano inteiro, viúvos de folhas, órfãos de flores, parecendo esqueletos vegetais. As raízes vão realizando o seu trabalho anônimo de armazenar energias, para a grande surpresa de agosto. É então a festa dos ipês, em uma orgia de cores deslumbrantes.
Assim também as escolas. Durante o ano inteiro os nossos mestres preparam silenciosamente, anonimamente, os seus alunos, sem despertar a atenção para a sua obra. Em novembro, quando as festas finais se realizam, é que aparecem as flores da inteligência – resultado de um labor fecundo.
Os ipês florescem em agosto. As escolas florescem em novembro."

JORGE DUARTE, A Gazeta, 24 ago. 1941.



segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Jornal da Alterosa: Príncipe Bernard Ndouga visita o Cedet






http://www.alterosa.com.br/varginha/html/noticia_interna,id_sessao=90&id_noticia=58508/noticia_interna.shtml

Jornal de Alterosa, 28 de julho de 2011.

Visitas Reais, Imperiais e Presidenciais a Lavras

No final de julho de 2011, Lavras teve a honra de receber a visita do príncipe Bernard Ndouga, de Camarões. Sua Alteza é neto do bombok (rei) Linjeck Libayemi, da etnia Bassa, último monarca reinante no Camarões Alemão, até 1918. Ele foi também o primeiro rei dos Bassa convertido ao Catolicismo, através do trabalho de missionários alemães que lá chegaram ao final do Século XIX. Diz-se que Linjeck tinha mais de duzentas esposas, porém, após sua conversão, ele adotou o casamento monogâmico.

Sua Alteza Real
Príncipe Bernard Ndouga de Camarões
Os Bassa são um grupo étnico de Camarões, falantes do idioma de mesmo nome, pertencente ao importante grupo lingüístico dos bantos. Segundo antigas narrativas, os Bassa eram um povo originário do Egito, mais precisamente das margens do rio Nilo, que há séculos se estabeleceu no atual território camaronês. Aliás, o nome do país foi dado pelos navegadores portugueses que em 1472 chegaram à foz do rio Wouri, ao qual chamaram do “Rio dos Camarões”. Nos Séculos XVIII e XIX, pastores muçulmanos conquistaram boa parte da região e foi em 1884 que os alemães estabeleceram a colônia de Kamerun. Entre 1914 e 1916, na I Guerra Mundial, forças francesas do Chade, inglesas da Nigéria e belgas do Congo invadiram e conquistaram o Camarões Alemão, que após a guerra passou a ser administrado pelo Reino Unido e França através de mandato da Liga das Nações. Nos anos 1950, grupos Bassa e Bamileke lutaram pela independência do país, conquistada definitivamente em 1961.

Foi nesta época que nasceu o príncipe Bernard Ndouga, em 6 de setembro de 1956 na cidade de Douala – a mais populosa de Camarões. Após freqüentar o colégio na sua cidade natal, ele partiu em 1978 para a Europa, onde freqüentou a Escola da Câmara de Comércio de Paris (Universidade de Paris e de Londres). Entre 1989 e 1991, o príncipe morou na Hungria, onde tinha uma empresa voltada para o comércio exterior de café e cacau de Camarões. Desde 1991, Sua Alteza se estabeleceu na Áustria, onde mantém numerosas relações com altos membros da nobreza austríaca e de outros países europeus. Com o patrocínio do conhecido príncipe Willy Turn und Taxis e da piedosa condessa Anna Coreth, e atendendo ao apelo do seu primo, o padre Jean Bosco Ntep – elevado em 1993 a bispo da diocese de Eseka – o príncipe Bernard Ndouga fundou em Viena, no ano de 1994, a Ong Dialog Nord-Sud, visando ajudar a Igreja Católica em Camarões. De fato, em sua numerosa família, o príncipe possui 21 parentes religiosos – bispos, padres e freiras –, além de ser primo de Samuel Eto’o, famoso jogador de futebol.

Sua Alteza veio ao nosso país a convite do príncipe imperial Dom Bertrand de Orleans e Bragança, e sua visita tem como objetivo estreitar os laços entre a África e o Brasil. No dia 27 de julho, ele foi recepcionado pela prefeita Jussara Menicucci e pôde conhecer o coral das Meninas Cantoras de Lavras. O príncipe, que também canta no coral Schubert-Bund de Viena, ficou encantado com a voz de nossas jovens cantoras. No dia seguinte, Sua Alteza foi recepcionado pela Dr.ª Zenita Guenther no Centro para Desenvolvimento do Potencial e Talento (Cedet), pois ele deseja conhecer programas educacionais de sucesso para eventualmente aplicá-los em Camarões. Posteriormente o herdeiro real visitou a Universidade Federal de Lavras, onde vê muitas possibilidades de parcerias e projetos em Agricultura e produção de alimentos. “Brasil e Camarões são países muito parecidos e com grande potencial de crescimento. Precisamos assim fortalecer as relações entre os continentes do Hemisfério Sul”, disse. Para concluir a visita, o príncipe Bernard gentilmente se dispôs para fazer uma palestra na sede da Sociedade São Vicente de Paulo sobre “Os Problemas do Mundo e Sua Cristianização”, enriquecidas com exemplos da África. Sua Alteza permanecerá no Brasil por mais um mês, pretendendo voltar em breve.

Outros Ilustres Visitantes

·    Século XIX

Nos períodos colonial e monárquico, Lavras era apenas uma pequena vila produtora de alimentos destinados ao abastecimento de centros mais populosos, como Rio de Janeiro e São João del-Rei. Esta última cidade, distante cerca de 100 km daqui, foi honrada com várias visitas régias durante o Império. No Primeiro Reinado, São João del-Rei recebeu D. Pedro I em dois momentos-chave da história brasileira: em abril de 1822, o príncipe-regente recebeu entusiástica recepção meses antes da declaração de Independência. Em contraste, a segunda visita imperial foi bem menos festiva, em janeiro de 1831 – curiosamente três meses antes da abdicação de D. Pedro I.

·    1881

Em agosto, D. Pedro II e a imperatriz Teresa Cristina visitam São João del-Rei na inauguração da Estrada de Ferro Oeste de Minas. Diz a tradição oral que estava nos planos da comitiva visitar Lavras, sendo que inclusive reformou-se a Matriz para acolher o monarca. Infelizmente D. Pedro II teve de cancelar a visita, porque um dos membros da comitiva, o Ministro da Agricultura Manuel Buarque de Macedo adoentou-se e faleceu durante a estadia em São João del-Rei.