domingo, 1 de maio de 2011

Que susto! A chegada do primeiro avião a Lavras

Em outubro de 1930 estoura a Revolução que depôs o presidente Washington Luís, encerrando assim a República Velha. Minas Gerais foi um dos Estados que aderiram às forças rebeldes, ao lado da Paraíba e do Rio Grande do Sul. De acordo com o tenente-brigadeiro-do-ar Nelson Freire Lavenère Wanderley [História da Força Aérea Brasileira, 2.ª ed., 1975], naquele mês quatro aeronaves aliadas aos revoltosos partiram do Campo dos Afonsos (atual sede do Museu Aeroespacial, no Rio de Janeiro) com destino a Belo Horizonte. O jornal O Revolucionário, de Barbacena, conta que os aviões fizeram vários vôos nas regiões de Juiz de Fora e São João del-Rei. O intuito destas missões eram tanto para reconhecimento do terreno quanto de cunho psicológico, isto é, ameaçar de bombardeio os quartéis que não aderissem à revolução e também lançar folhetos incitando às tropas a não lutarem.

Morane-Saulnier MS. 130
Foi um avião como este, de fabricação francesa, 
o primeiro a pousar em Lavras em 1930 [Foto J.D. Millman, 2009].

O Aeroporto da Baunilha

Em maio de 2010 foi inaugurado o aeroporto de Lavras, com pista de 1.500 metros apta a receber aviões de até cinquenta passageiros. Todavia as linhas comerciais ainda não estão operando.

A história do Aeroporto da Baunilha remonta aos anos 1940, de acordo com o relato de Valério Antônio Júlio disponível no livro de José Alves de Andrade [Lavras, Sua História, Sua Gente, v. I, 2002]. O antigo campo de aviação foi construído graças à doação de um terreno pelo empresário português Antônio Vaz Monteiro e ao trabalho anônimo da comunidade que se cotizou para realização daquele empreendimento, entre setembro de 1942 a julho de 1943. A inauguração foi em 20 de julho daquele ano. A memória do benemérito lusitano preservou-se batizando o hangar do aeroporto com seu nome – Vaz Monteiro é também a denominação de um hospital em Lavras que o mesmo ajudou a construir naqueles tempos.


Década de 1950: Os Anos de Ouro da Aviação Lavrense

Uma informação que talvez muitos lavrenses mais novos ignoram é que nossa cidade já teve vôos comerciais diários nos anos 50!

De acordo com um mapa de horários de decolagens disponível nos arquivos do Museu Bi Moreira, havia vôos matutinos e vespertinos para várias cidades de Minas Gerais, além de Rio de Janeiro e São Paulo. Segue a lista:

·    Belo Horizonte: 2.as, 3.as, 4.as, 6.as.
·    Rio de Janeiro: 2.as, 3.as, 4.as, 6.as.
·    São Paulo: Sábados.
·    Governador Valadares: 2.as, 4.as, 6.as.
·    Cambuquira: 2.as, 6.as.
·    Caxambu: 3.as, 4.as.
·    Patos: 4.as.
·    Montes Claros: 4.as.
·    Alfenas: Domingos.
·    Guaxupé: Domingos.
·    Passos: Domingos.

É pouco ou quer mais? Considerando que as vias terrestres de então eram precárias e que o desenvolvimento do sistema férreo nunca fora prioridade do governador (e depois presidente) Juscelino Kubitschek, a aviação era nos Anos Dourados o modo mais eficaz de transporte – e o mais chic. Além de permitir que lavrenses fizessem longas viagens em um relativamente curto espaço de tempo, o aeroporto também trazia visitas ilustres, como os principais times cariocas de futebol, que aqui jogavam amistosos com a Olímpica. Mas essa história fica para depois...   

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